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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Pegar no sono às vezes não é nada fácil

Recentemente soube que tinha uma mãe de criança com deficiência que estava tendo sérios problemas na hora de por a criança pra dormir. Isso me fez passar automaticamente todo o filme que vivi, em pensamento disse que já havia passado por isso também. Toda aquela carga de sentimentos voltou e todo sofrimento vivido também. Então senti que devo compartilhar com vocês essa experiência pra quem não viveu isso ou quem já conhece muito bem.

Quando meu filho nasceu, ele era extremamente pequeno, com seus 1,465kg, pele fina, avermelhada, dava até pra ver as veias de tão fininha, e por esta fragilidade qual mãe dedicada não iria se render ao velho e bom colinho na hora de fazê-lo dormir? Pois bem, me rendi, e fui refém disso por anos. Dependendo do costume uns a gente consegue superar, mas o problema neste caso era o fato dele ter se acostumado com isso, e não tão somente de mim está habituada dessa forma, foi algo forte e difícil de lhe dar.

O colo que eu dava era em uma cadeira de balanço, e só conseguia dormir se tivesse nesse balanço, fora isso não pegava no sono de jeito algum. No começo com um peso pequeno a gente nem se ligava muito, mas depois com o tempo ele foi ficando maior, pesado, tudo já ficava extremamente cansativo e estressante. Pra ele era maior conforto, mas eu e quem fosse se atrever a fazer o mesmo ficava bastante cansado. Fazer ele pegar no sono era um ritual de balanços, sem balanço não teria sucesso. Depois que ele pegava no sono, pronto, o colocava na cama dele e era minha vez de descansar. Imagine isso multiplicado por 15 ou 20 vezes por noite? Verdade, não é exagero, passei muitas horas da noite fazendo ele dormir na cadeira de balanço ate aproximadamente 6 a 7 anos. Aquilo teria que parar. Já não dava mais.

Vocês pensam que não tentei fazê-lo pegar no sono de outras formas? Sim. Mas o problema é que simplesmente não dormia, Depois de muitas tentativas sem sucesso começou a se adaptar a rede. Gradativamente foi gostando de pegar no sono na rede, e a gente colocava depois na cama, ou deixava na rede mesmo. Mas adaptar na rede é bom por um lado e ruim por outro, porque tínhamos de encontrar um jeito dele se adaptar na cama como todo mundo, afinal nem todo lugar tem atador de rede. E tum detalhe importante, mesmo na rede so conseguia pegar no sono no nosso colo, igual na cadeira de balanço, imaginem uma criança grande de 7 anos dormindo por cima de você, foi assim durante mais um ano a frente. 

Depois de muito tentar sair da rede pra ir definitivamente pra cama, conseguimos desperta nele a vontade de realmente começar a pegar no sono na cama e ficar lá. Foi difícil, até que o colocamos de lado, com travesseiro nas costas, outro entre as pernas, e um travesseiro na cabeça de forma a não ficar incomodo, e balançando de leve nos ombros. Foram meses tentando até que um dia ele enfim se sentiu rendido e cativado por dormir assim. Foi uma glória. Algo inacreditável, pensei que só dormiria assim lá pelos seus 13 anos por ae ou mais, mas graças à Deus e a nossa insistência e paciência, fez essa proeza aproximadamente 9 anos. É minha gente, não foi nada fácil, e sei muito bem o que é se dedicar e dar um conforto para um filho com deficiência mesmo que nosso conforto fique em último plano.

A todas as mães que estão passando por mesma dificuldade, lhes deixo meu sentimento de luta, não desista, não se acomode, procure alternativas, e não dê prazo, creio que o prazo até pode dar ansiedade e depressão, esses sentimentos temos que anular e focar na ideia de superação, pois isto que descrevi nada mais foi que uma superação de ambas as partes, mãe e filho.


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